Quem sou eu

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Eu sou tudo aquilo que se lê em meus textos... Eu sou o avesso desta imagem, eu sou o sonho que não termina, a estrada que vai direto para o infinito. Eu sou conteúdo, jamais o rótulo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Eu não vi Deus

Estive pensando sobre as coisas da vida.

Estava vendo fotos e vídeos de pessoas (como nós).
Estava vendo dor e sofrimento.
Não gostei de nada do que vi.
Ouvi uma música triste que fazia transpassar o coração
com o grito que muitos querem dar e não podem.

Vi o céu azul e me perguntei se todos o vêem assim.

Vi as nuvens brancas
e por um instante desejei que fossem algodão doce
e que as crianças pudessem comê-las sem fim.

Enquanto o vento surrava meu rosto
pensava nas crianças que não poderiam (como eu) fechar a janela,
já que nem casas tinham.

Enquanto ouvia a música e via as fotos
percebi que não faço nada para mudar as coisas tristes do mundo.

Percebi que quando fico com medo ou triste
corro a procura de algo que escreva
e desabafo coisas (que às vezes) não fazem sentido algum.
Percebi que me escondo através de palavras escritas,
e faço disso meu escudo.
Já possuo um castelo dessas folhas
e se você parar diante dele e ler os rabiscos no muro
saberá toda a minha vida.

Voltando as fotos vi rostos vazios,
vi olhares vazios de alegria;
preenchidos de fome,
de pedidos de socorro,
de choros contidos.
Vi mães cuidando de ossos revestidos de carne.
Vi sonhos sendo abortados antes mesmo de saberem da sua existência.
Eu vi a mão amiga.
Eu vi a fome ante meus olhos.
Eu vi desprezo, descaso, (talvez (o nosso)) fracasso.
Eu vi quem não tinha nada dar tudo.
Eu vi uma mulher chorando e preferi não imaginar o por que.
Eu vi a injustiça da vida.
Eu vi a injustiça dos homens.
Eu vi sangue, eu vi morte.
Eu vi minhas mãos molhadas de lágrimas.

Eu não vi comida.
Eu não vi sonhos.
Eu não vi graça.
Eu não vi futuro.
Eu não vi compaixão.
Eu não vi vida.

Eu não vi Deus.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Não me deixe sozinho

Olhe para mim
Olhe bem dentro dos meus olhos
Olhe no que você me transformou.

Não sinto mais medo da vida
Só tenho medo de perder o seu amor...

Aqui é o seu lugar
Aqui é onde você merece estar
Aqui é onde você será realmente amada
Aqui e somente aqui.

Por favor, não vá...
Eu preciso de você aqui!
As asas que você me deu
Ainda não são grandes o bastante
Para eu continuar sozinho
Por favor, fique mais um pouco
Só mais um pouco...

Mas se não puder esperar
O sol nascer novamente...
Deixe-me dormir primeiro,
Quero que a sua última imagem
Na minha vida seja perfeita.
Eu não quero ter como última lembrança
Uma despedida.

Por favor, eu lhe peço
Não me deixe sozinho!
Eu preciso de você aqui!
Espere ao menos o sol nascer
Deixe-me pela última vez ser o seu homem!
Fique, é tudo que eu lhe peço
Não me deixe sozinho...
Eu ainda não aprendi a viver na solidão

Mas se tiver que ir agora
Saia por esta porta
E nunca mais olhe para trás
Nunca mais
Olhe para trás

Não me faça implorar mais
Preciso de você aqui!
Não me deixe sozinho
Não me deixe sozinho
Eu preciso do teu ar
Para poder, enfim, viver
Não me deixe sozinho aqui
Isto tudo é real demais
Para se viver sozinho...
Não, por favor não
É a última vez que lhe peço...
Não me deixe sozinho

Espere,
Pegue todas as suas coisas
E suma para sempre.
Nunca mais me olhe novamente
Vá e me deixe dormir na solidão
Bata a porta,
E então saberei que realmente
Terei de começar uma outra vida...

E nunca se esqueça
Eu ficarei aqui, sempre aqui
Esperando você não me deixar sozinho...

Mas agora, vá!
E feche a porta quando sair,
Para sempre

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GrItOs

Gritei por socorro.
Gritei por liberdade.
Gritei por dor.
Gritei por ouvir os outros gritos e gemidos.
Gritei simplesmente para continuar vivendo.
Gritei em vão.

Socos, chutes, tochas se acendendo,
mais socos e chutes.
Novos gritos,
dessa vez maiores que os outros.
Gritos de todas as partes,
de todos os lugares,
de todas as bocas.
Que no final resultavam em único som:
“Deixe-me viver”.

Dor, sofrimento e solidão.
Somente isso se sentia naquele momento.
Mais nada,
qualquer outro sentimento era pura ilusão
ou era sentido por aqueles que
não tinham sentimento algum.

Anos construindo uma vida.
E de repente ela se acaba.
A troco de quê?
Por causa de quem?
Também não sei!
Ninguém sabe.
Talvez nem eles mesmos.

Ouve-se somente o barulho
de pessoas tentando engolir o som da dor.

Mais e mais gritos.
Choros e gemidos.
E de repente quando menos se esperava...
Ouve-se no fundo o som de um último suspiro.
E um silêncio absoluto reina na sala.
Até que alguém já com a voz fraca de tanto gritar,
toma coragem,
reúne todas as suas forças
e solta seu grito:
“Deixe-me viver seus infelizes”...
Foi o seu último.

Socos, chutes e agora tiros.
Tochas percorreram o céu
e fizeram daquele ser uma tocha viva,
uma luz que corria de um lado ao outro
numa tentativa de apagar o fogo silenciosamente.
Já que voz não tinha.
E depois de um tempo,
suas cinzas se misturam ao sangue,
e todos os seus sonhos
o deixaram só naquele momento.

simplesmente perdi.

(Eu sou um poeta triste que escreve para mascarar a sua dor.
Vivo sozinho em minha mente.
E choro a espera de alguém para me fazer feliz.

Da janela do meu quarto eu sinto o cheiro do capim molhado de chuva.
As gotas da chuva molham meu rosto e pingam formando um 'borrão no papel'.)

Perdi as palavras escritas,
os sonhos abortados,
os gritos garranchados,
as declarações rasuradas,
o desabafo não falado.

Perdi sentimentos, frases, poemas, gente, lembranças.
Perdi momentos.
Perdi uma vida.
Perdi a juventude.

Perdi o gosto doce do amargo.
Perdi a luz da noite.
Perdi o som do silêncio.
Perdi o movimento da fotografia.

Perdi a palma no final.
Perdi o último ato, a última fala.

Perdi o último abraço; o último adeus; o último Deus.

Perdi a última certeza que há antes da dúvida.

Perdi muitas coisas.
Perdi o nascer da morte e o morrer da vida.
Perdi o limo nascer na pedra.
Perdi a água nascer no céu.

Perdi o vento surrar as pernas da moça.

Perdi o pôr-do-sol.
Perdi a lua cheia.
Perdi muitas coisas.
Perdi momentos.

Perdi coisas e momentos.

Perdi sonhos.
Perdi vidas.
Perdi gente.
Perdi muitas coisas.

Perdi, simplesmente perdi.

Para quem quiser ler (Desabafo de um escritor triste)

Para quem quiser ler o Desabafo de um escritor triste. Sem rumo. E só... Mas um só interno. Interno.

Difícil. Difícil escolher entre o que é certo para os outros e o que é certo para mim.

Difícil fazer uma escolha e não poder mais voltar atrás. Difícil imaginar algo que nunca será, e não ter nada de real além dessa imaginação.

Difícil olhar para os outros como se nada tivesse acontecido, quando, na verdade, se foi matando aos poucos esse outrem. Difícil dar à vida o rumo de Deus, quando o seu sonho se encontra totalmente de costas para Ele.

Difícil acreditar em sonhos que se realizam quando todos os seus sonhos são jogados no lixo da masmorra. Difícil continuar sendo um, quando não se sabe nem ao certo quem é você.

Difícil. Muito difícil. Tão complicado querer e os braços da alma (que são maiores que os do corpo) não alcançam... Nem mesmo estando na ponta dos pés.

Difícil crer em ressurreição quando se vê coisas e pessoas e sonhos partirem e não voltarem mais. Difícil ter que ser o que não quer para não decepcionar o outro.

Difícil sorrir quando se está com vontade de chorar. Difícil cantar e dançar quando o corpo pede para ficar quieto no canto; ouvindo a voz de dentro. Difícil enxergar a verdade quando se vive num mundo de mentiras.

Difícil. Difícil demais. Tão difícil.

Difícil crer em algo inexistente ou invisível quando não se pode crer nem mesmo no que é existente e visível.

Difícil ter gosto pela vida, quando a única solução é a morte...

Tão de longe

Tão de longe o sol de põe...
Tão de longe vejo o sol se esconder atrás de pedras,
que parecem impossíveis de serem alcançadas...
Tão de longe procuro no laranja morto do sol
o brilho vivo do cinza da lua.

O restante do céu me parece tão morto;
assim como as pessoas que estão a minha volta.

O raio de sol que antes me aquecia
agora me encosta e me deixa com frio.
Raio gelado,
corpo gelado,
corpo morto,
sentimentos mortos.

Do alto da pedra tento buscar o sol,
buscar a luz,
buscar o que me aquecia,
o que me fazia sentir bem.

A pedra está gelada
e nela vou deslizando, lento,
até chegar ao chão.
Como que por sincronia, uma lágrima cai.
Lavando a alma, o corpo, os sonhos, o chão.

E quando me dei conta,
o céu chorava junto comigo.
Molhava meu corpo e meu cabelo pingava.
A pedra estava escorregadia e não conseguia me mover,
preferi não me mover.

As ondas batem nas pedras com mais força
e isso me assusta...
Tenho medo, preciso sair,
tenho medo de cair daqui de cima.
Tenho medo de despencar assim como minhas lágrimas para o nada,
para onde tudo se mistura e não se separa...

Juntando forças fico de pé,
quase caio,
olho para frente e vejo que o sol já se foi por completo.
Procuro a lua, ela não está lá.
Em lugar nenhum, não tinha nuvens,
ela simplesmente não estava.

Agora, o choro vem acompanhado de intermináveis soluços.
Junto com uma estrondosa trovoada
caio deitado no chão.
Tento, em vão, tocar o céu.
Ali permaneço, imóvel, triste,
dolorido, pensativo, solitário...

Aguardo, sem pressa,
deitado na chuva, chorando,
a lua aparecer,
o choro secar,
você chegar.
Aguardo, sem pressa,
deitado na chuva, chorando,
o brilho vivo do cinza morto da lua.

domingo, 1 de agosto de 2010

Por isso escrevo...

Sou alguém que no momento passa por uma séria crise de "quem sou eu". Tento me encontrar em mim e nos outros, mas, não encontro nada.

Não escrevo por que é a única coisa que sei fazer. Escrevo para desabafar. Para me livrar um pouco dos sentimentos pesados que me compõem. Escrevo para trazer à tona sentimentos que deveriam estar escondidos. Escrevo para que os outros saibam que existem pessoas passando pela mesma coisa (ou até mesmo coisa pior).

Não escrevo para dar conselhos. Escrevo para fazer as pessoas refletirem em suas vidas e nas vidas das outras pessoas que julgam importante. Escrevo com a finalidade de fazer o meu leitor refletir. Sobre o quê eu não sei! Mas para que ele reflita.

Não escrevo para enriquecer com meus textos. Escrevo para ser respeitado no que faço. Para ser lembrado.

Não quero um ser ícone de nada. Só quero ser, no futuro, um escritor mais feliz, um escritor realizado, um escritor que fez na vida dos outros o que não conseguiu fazer na sua...

Escrevo para fazer as pessoas sentirem. Quero que minhas poesias e minhas cartas e meus roteiros sirvam de degrau na vida de alguém (mesmo que este alguém seja somente eu!). Quero que as pessoas leiam as minhas palavras e se transformem. Ou, pelo menos, tentem. Quero ser o fio condutor entre o mundo real e (qualquer outro) mundo para qual meu leitor deseje ir.

Não escrevo por hobbie. Escrevo por necessidade. Escrevo porque a minha alma pede. Ou melhor, exige. Escrevo para me sentir bem. Escrevo para que assim, quem sabe, possa me amar um pouco mais.

Escrevo para quem quiser ler. Escrevo para quem amo. Escrevo para quem não conheço. Escrevo para que possam se libertar do que os prende.

Não escrevo, simplesmente, com as mãos. Escrevo com a alma (como todo escritor que se preze). Não faço textos por encomendas. Faço textos por sentimentos. Faço textos com sentimentos (variando entre os meus e os dos outros).

Escrevo para não ter que chorar. Para não fazer com que os meus tristes versos tomem por completo conta da minha vida. Para não deixar a minha vida ser tomada de sentimentos pesados e que não me farão bem... Escrevo para libertar a minha alma das prisões, dos medos, dos anseios, dos outros, de mim mesmo, e das prisões, e dos medos. E mais ainda, para me livrar do futuro triste, do futuro só, para me livrar do castigo que é viver triste para sempre. Para me fazer melhor do que sou hoje. Escrevo para me amar mais. Escrevo para descobrir coisas que eu nem sabia que existiam em mim.

Escrevo para não morrer por dentro. Para não deixar de ser o que sou.

Escrevo para deixar registrado, na vida de quem quer que seja, quem um dia eu fui, o que eu senti, o que eu pensava, o que eu queria. E desses o que mais quero que fique marcado é o que senti. Pois um poeta que não expõe seus sentimentos, não é um poeta. É simplesmente alguém que borra algumas folhas com palavras sem sentido.

E eu sou um poeta. Eu sou.